Pernambuco convive diariamente
com uma violência que fragiliza famílias, alimenta o medo coletivo, prejudica a
economia e compromete o futuro do nosso povo. Nesse cenário, não há como falar
em solução sem fortalecer quem tem a missão constitucional de investigar os
crimes e garantir justiça: a Polícia Civil.
O que se tem hoje na Polícia
Civil de Pernambuco é um estatuto com mais de 50 anos de existência, somado a
outras leis esparsas que não dialogam entre si e já não dão conta da
complexidade dos crimes da atualidade e nem da funcionalidade exigida para maior
eficácia da Polícia Civil.
O crime organizado se
modernizou, Pernambuco se tornou o segundo estado do Brasil com maior presença
de facções que estão tomando território, matando e tornando a população refém e
adentrando no sistema político e eleitoral , enquanto a base legal que organiza
a Polícia Civil permanece ultrapassada. Esse atraso contribui para a impunidade
e para a escalada da criminalidade.
A criação da Lei Orgânica dos
Policiais Civis não é apenas uma reivindicação corporativa; é uma necessidade
da sociedade. Uma polícia moderna, estruturada e valorizada investiga melhor,
esclarece mais crimes e salva vidas. Sem isso, a violência continuará se
multiplicando, corroendo a confiança da população no Estado. Modernizar
significa unificar carreiras e garantir promoções justas, proteger a
instituição contra ingerências políticas, incorporar tecnologia e inteligência
policial, dar autonomia e segurança jurídica ao policial e, sobretudo,
fortalecer a capacidade de enfrentar facções e o crime organizado. Cada crime
não esclarecido é um convite para que outro aconteça. Uma investigação bem
feita desarticula quadrilhas, prende líderes criminosos e reduz a violência nas
ruas.
A governadora Raquel Lyra
precisa compreender que não há plano de segurança pública sério sem a
valorização dos Policiais Civis. A promessa de mais de um bilhão de reais para
o programa “Juntos pela Segurança” perderá efeito se não vier acompanhada da implementação
da Lei Orgânica. Apenas renovar a frota de
viaturas não representa o investimento necessário para melhorar a
segurança pública. É preciso uma Polícia
Civil moderna, estruturada legalmente e valorizada. O policial desmotivado, sem
garantias e submetido a estruturas ultrapassadas, tem uma enorme dificuldade
para entregar o que a população espera.
A Criação da Lei Orgânica dos
Policiais Civis é urgente e inadiável. É a chance de mostrar compromisso real
com a vida, com a justiça e com o futuro de Pernambuco. Se essa mudança não
vier agora, o preço será pago em mais dor, mais medo e mais sangue derramado.
Áureo Cisneiros
Presidente do Sinpol PE e
Defensor da Segurança Pública
como Direito Fundamental