O silêncio pesado da noite de
segunda-feira (17) contrastava com o som das toadas que ecoavam pelas ruas de
São Bento do Una, no Agreste. Era o último desejo de uma mulher cheia de
sonhos, interrompidos de forma cruel. Júlia Eduarda Andrade dos Santos, de
apenas 26 anos, foi sepultada sob forte comoção, em um cortejo que transformou
dor em homenagem.
Júlia saiu de casa no dia 5
com um objetivo simples e cheio de esperança: receber o dinheiro para fazer um
ultrassom do bebê que carregava há quatro meses. Em vez disso, encontrou a
própria morte. Ela foi assassinada a marteladas por Aguinaldo Nunes Soares, de
43 anos, que confessou o crime e segue preso preventivamente. O corpo da jovem
foi encontrado dias depois, já em decomposição, em uma área de mata em Sanharó.
No cortejo, uma multidão
caminhava em silêncio, enquanto outras pessoas choravam sem conseguir conter a
revolta. Em um carro de som, as músicas de vaquejada que Júlia amava tocavam
como um fio tênue entre a despedida e a lembrança. Cada nota parecia carregar
um pedaço da vida que ela sonhava viver — uma vida simples, marcada pelo desejo
de ser vaqueira, de montar, de sentir a liberdade do campo.
Mas Júlia era mais do que uma
jovem sonhadora. Era mãe de quatro filhos, que agora carregarão para sempre a
ausência de quem lhes deu a vida e o amor mais puro que existe.
A comunidade pediu justiça,
mas também pediu acolhimento. A violência que tirou Júlia e seu bebê do mundo
deixou marcas profundas não só na família, mas em todos que acompanharam sua
história. O caso reacendeu discussões sobre feminicídio, proteção às mulheres e
o ciclo de brutalidade que ainda insiste em assombrar muitas vidas.
Na última despedida, as flores
pareciam simbolizar tudo o que Júlia representava: beleza, força e a esperança
de uma vida melhor. E, enquanto era sepultada sob aplausos e lágrimas, uma
certeza tomou conta de todos: o nome de Júlia não será esquecido.
Em meio à tristeza, ficou um
clamor coletivo, um pedido silencioso por um mundo onde mulheres não precisem
ter medo, onde sonhos não sejam interrompidos pela violência, onde mães possam
voltar para casa.
E, acima de tudo, ficou a
memória de Júlia Eduarda: uma jovem que amava a vida, seus filhos, sua cultura
e seus sonhos.
E, acima de tudo, ficou a
memória de Júlia Eduarda: uma jovem que amava a vida, seus filhos, sua cultura
e seus sonhos.
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